5 de março de 2020
Os Juros caíram, mas o que isso significa?
Por: Vitor Brilhante
Tempo de leitura: 5 minutos
O governo brasileiro vem seguindo uma estratégia de baixa na sua taxa de juros. Desde o final do governo Dilma, a taxa Selic passou de 14,25% para 4,25. Esta medida, além de mudar a forma como o brasileiro vê seus investimentos, também impacta diretamente o ritmo da economia real.
O que leva uma economia a abaixar os juros
Quando um governo decide abaixar a sua taxa de juros é por que o governo deseja afrouxar a sua política monetária. Existem dois agentes afetados pela taxa de juros: os investidores e os que estão inseridos na economia, os empresários. Os investidores estão em busca de valorização do patrimônio; por meio de aplicações financeiras ele investe em ativos indexados à taxa, que os remunera de acordo com esta taxa referencial também. Do outro lado, há o empresário, que busca alavancar seu negócio pelo passivo, ou seja, por meio de empréstimos; estes empréstimos são diretamente indexados pela taxa de juros. Literalmente, esta taxa representa o quanto de juros o empresário paga pelo empréstimo.
Dessa forma, a taxa de juros pode ser vista como uma balança, sempre que seu valor é alterado, esta balança pende para um destes lados. Quando o governo escolhe manter uma taxa alta de juros, o que muitos chamam de estratégia Hawkish, ele valoriza o investidor. É uma forma de financiamento direto, os aportes nutrem o caixa do governo que pode redirecionar o investimento para projetos internos e pagamento de dívidas; assim funcionam os títulos públicos. Já, quando o governo escolhe uma estratégia Dovish, de baixa na taxa de juros, ele aposta na força da economia real do país. Com isso, o PIB tende a aumentar e o país a lucrar mais com exportações e recolhimento de impostos, além de baratear o crédito e diminuir a taxa interna de retorno necessária para projetos.
Além de ditar a temperatura da economia do país, a taxa de juros também é parâmetro de avaliação. De acordo com o princípio dos investimentos, risco é proporcional ao retorno; se olharmos para um país, a taxa de juros é clara quanto à regra, se paga bem, o risco é alto.
O que acontece em um período de juros baixos
Por isso, de certa forma, um período de baixa de juros demonstra certa estabilidade quanto ao risco país. Os empresários pagam menos para investir em suas empresas e o Estado se torna menos centralizador quanto ao fluxo financeiro, o risco diminui pois o governo tem menos influência direta na economia.
Trazendo para a realidade, podemos ver as corporações assumindo a frente da economia. Em 2016, durante o governo Dilma, a taxa Selic era de 14,25%, enquanto a taxa de inflação (IPCA) se mantinha em torno de 6,29%. Este cenário representa um retorno real dos investimentos de 7,9% ao período. Para o investidor é ótimo, os títulos públicos se tornam muito atrativos, pois além do rendimento, são mais seguros que outros ativos do mercado. Assim, o tesouro possuía mais caixa, pois
era nutrido pelos investidores. Foi neste cenário que grandes projetos públicos foram iniciados, grandes empresas eram controladas pelo governo e poucas iniciativas surgiam do universo privado.
Atualmente, a taxa de rendimentos real é de aproximadamente 2,5% ao período. Isso afasta o investidor dos ativos públicos, pois renda variável e o multimercado se tornam mais atrativos. Isso bate com a estratégia do governo, que se distancia de ser a força motriz da economia e atrai o empresário para assumir o risco do desenvolvimento. Vemos notícias de grandes estatais sendo negociadas, Parcerias Público Privadas novas e uma diminuição de projetos públicos. É o momento em que a iniciativa privada toma força.
O que esperar dos investimentos
Para a gestão de patrimônio este é um momento de oportunidades. Assim com ocorre com as empresas, é momento para a pessoa física arriscar mais. Desde de 2018 a bolsa de valores quase dobrou; no início do ano a bolsa estava fechada em 78 mil pontos, enquanto ao final de 2019, já registrava 116 mil, ou seja uma valorização de 47%.
Isso não quer dizer que devemos trocar todos nossos investimentos para ações. Quando falamos de patrimônio, é necessário considerar questões além do rendimento; segurança do investimento, risco, necessidade de liquidez e perfil são algumas das variáveis importantes para montagem de uma carteira de investimentos equilibrada. Claro, há cada vez mais um espaço crescente para entrada na bolsa e deve se considerar uma exposição, o mesmo ocorre para fundos de multimercado e imobiliários. Por isso, sempre é importante ter ajuda de um especialista, assim como a Blackbird Investimentos. Conte conosco.
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